Adivinhar o que se vai passar nos próximos 10 anos não só seria imprevidente como inútil.
Tanto pela imprevisibilidade do tempo quanto da personagem. Mas Marcelo surpreendeu - o que é surpreendente num espírito irrequieto onde a surpresa é a ausência de surpresa: despiu o fato de comentador e fazedor de factos e revestiu-se da gravitas que a posição cimeira na hierarquia de Estado impõe.
Mas talvez a chave possível para a leitura do que venha a suceder nos dois mandatos de Marcelo esteja na “política de proximidade” que tem praticado desde a campanha eleitoral. Proximidade destituída dos vazios chavões da cidadania esquerdista.
Proximidade autêntica, que resulta da sensibilidade e inteligência de Marcelo em estar e ser de igual para igual em qualquer circunstância e com quem quer que seja. Marcelo exercerá a presidência ao estilo de um monarca exemplar. Atento ao país, atento às pessoas, atento às circunstâncias. A ser assim, podemos finalmente contar com uma figura acima da querela e mesquinharia partidária.
Não se espere ‘vichyssoise’ no cardápio de Belém. Seria uma surpresa. Uma sopa servida fria.
Diário Económico | 09.03.2016