Com o PS atolado na geringonça, o PSD de regresso ao regaço da social-democracia e o CDS em busca de uma identidade mais “pragmática” e menos “ideológica”, não é crível que a próxima revisão constitucional sirva para nos livrar do peso cada vez mais insuportável do Estado sobre as nossas humildes cabeças e depauperados bolsos.
Qualquer visão que sugira sequer uma ruptura com a nossa tradição estatista apresenta poucas possibilidades de vicejar numa sociedade sitiada pelo Estado-babá. De oportunidade perdida em oportunidade perdida, o Estado engorda, enfraquece e soçobra diante da corte dos “direitos adquiridos” e das castas que se ufanam em banquetear-se à mesa do Orçamento.
A calamidade é tanto maior quanto o “rumo ao socialismo” trilhado nestes 40 anos sufocou a sociedade portuguesa na obscenidade materialista que, por definição, é o território de pasto do Estado totalitário que se vislumbra no horizonte.
Entre a leveza fútil de uma deputação que se ocupa em legislar profusamente tudo o que mexe e o sequestro do Estado por grupos de interesses, por ora, afigura-se impossível qualquer tipo de compromisso constitucional que liberte a sociedade, retire o Estado da economia e nos deixe no sossego do viver habitualmente.
Diário Económico | 18.03.2016