Apanhado nas armadilhas do zeitgeist – pós-queda de Lehman Brothers – faz de Ryan Bingham a representação já não do yuppie todo-poderoso, implacável do cimo da sua solidão, mas da queda, do desamparo do animal ferido na vertigem deste tempo.
As coisas são o que são e já não são como outrora para poderem ser o que sempre foram. E serão.
Depois, é o confronto com os sinais desta abertura do século: o hedonismo nihilista que todos os laços reduz a pó, a queda, a quebra, a rasura de qualquer vínculo e a próximidade e o encontro como perigo indisfarçável do possível desmoronar da fortaleza da indiferença. Pobres de nós humanos, a nossa necessidade de consolo é possível de satisfazer.
Up in the Air | Jason Reitman | EUA / 2010
A nossa necessidade de consolo é possível de satisfazer
- | João Amaro Correia / 1.2.16
-
0
comments
- Labels: a obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica, cinema