Iceberg

É inegável o impacto que a publicação dos ‘rankings’ das escolas teve na sociedade portuguesa e, até por isso, convém usar de alguma cautela ao olharmos para eles.

Ainda assim, e por muito incompleto que seja o resumo da informação acerca das escolas, são um bom indicador de que os pais dispõem na hora de escolher a escola dos filhos. E, não de somenos importância, servirão também para desfazer alguns mitos a que temos sido expostos há décadas pelos órfãos de Rosseau que insistem no uso da escola como instrumento
de ‘transformação do homem’.

Mas talvez a virtude maior do ‘ranking’ das escolas possa relacionar-se com uma possibilidade, remota, é certo, de demolição da ideologia (totalitária) igualitarista que alimenta os burocratas da 5 de Outubro.

O credo igualitarista da ‘educação’ sem avaliação como ferramenta privilegiada da mobilidade social elide os critérios do mérito e nivela por baixo, qual rolo compressor, a possibilidade de uma escola pública (e privada) que escape à engenharia social das luminárias alapadas aos corredores do Ministério. Perpetuando a paralisia social.

Os resultados estão à vista. O ‘ranking’ das escolas é só a ponta de um iceberg que está a partir o país a meio.


Diário Económico | 17.12.2015