Esperar 2016

2016 , um ano para esperar:

Por um governo que governe, concorde-se ou discorde-se, e que não se reduza a patéticos exercícios de sobrevivência; por um primeiro-ministro que dispa o fato de Maquiavel dos pequenitos e seja, de facto, um líder para o país; pelo tino dos nossos governantes que, por um instante, por um ano, submetam o interesse pessoal ao bem comum; pelo juizinho dos nossos políticos, que abandonem os jogos florais com que nos presenteiam diariamente no simulacro de Parlamento onde se passeiam - e, já agora, que o Parlamento seja a arena de confronto e da dissensão de ideias e não de ressentimentos e mesquinhez; por um espaço público desintoxicado da indigência cultural em que temos penado.

Mais. Que Portugal se torne um lugar culturalmente respirável e que os jornalistas noticiem mais e opinem menos e, milagre, que os jornais resistam e, se possível, apareçam mais títulos excluídos ao rolo compressor da tabloidização que, miseravelmente, nos cai em cima todos os dias.

2016, um ano para esperar: sentado.


Diário Económico | 5.1.2016