cidade de deus


[Favela Vila Cruzeiro, Rio de Janeiro, 23.11.2010]

Tudo o que foi posto no mundo foi-o por Deus. Também o Mal. Assim crê um católico romano, como este vosso escriba, mas não necessita o preclaro leitor de partilhar esta confissão para aceitar que daqui, desta fé, brota um insaciável optimismo. Ainda que as distracções sejam muitas, a época se incline para as sombras e aceitar isto soe a monstruosidade.
No meio do terror e do pânico espalhados pelas ruas da cidade o que é espantoso é assistir ao nascimento da esperança a partir do medo.
Rua a rua, porta a porta, cada milímetro conquistado nesta guerra no interior dos muros da cidade (bem sei que este nosso mundo extinguiu as categorias de centro e periferia, perdoe-se-me o anacronismo), é celebrado em alegria e adesão ao futuro por todos os cariocas. O cansaço, com certeza, mas sobretudo o vislumbre e o desejo de um amanhã numa cidade livre.
Confirmo que do medo pode nascer a esperança e da ruína cidades abertas ao amanhã.


para o Tolentino






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