[Hong Kong, Andreas Gursky, 2007]
«Interessa interpretar o tema LUGAR como um meta-conceito: Através da definição da sua condição conceptual no extremo. Todo e qualquer lugar é carregadamente caracterizado pela sua objectividade inalienável, por tudo aquilo que o eleva de espaço a Lugar. Para atravessar esta fronteira, escolhemos uma única característica definidora de Lugar, simultaneamente genérica e objectiva: A ideia de que, quando pertencemos a um Lugar, estamos presos nele (a ele), qualquer que ele seja. Que há um sistema de fascínios que nos detém (no) ao lugar.»
O Lugar como armadilha, Rui Leão in ARTECAPITAL, 1.6.2007
O problema é aqui claro: a impossibilidade desta negação da dimensão antropológica do(s) lugar(es) e do(s) espaço(s). A objectivação assim avançada não é mais que uma tentativa de fixar o que na sua natureza não é passível de fixação. Falha nesta proposição um terceiro momento/movimento: o retorno, no território da arquitectura e do seu trabalho na produção do espaço, do que constitui esse lugar – sempre instável na reinvenção de si mesmo pela espacialidade no tempo – ao instante da invenção da arquitectura. A arquitectura que no processo do seu fazer-se se explicita na espacialidade que decorre do caminho do homem pelo tempo no espaço. A interminável reversibilidade do/no projecto.
Ao arquitecto caberá a recusa inicial de uma ideia universalista, universalizante, de um espaço infinito todo igual, ao qual, estática e autoritariamente, pretende juntar uma possibilidade, imóvel, do habitar que aspira a ser lugar. E é aqui a expectativa da abertura do mundo a cada um dos homens.