Na fonte de teus olhos vivem os fios dos pescadores do mar-errância. Na fonte dos teus olhos cumpre o mar a sua promessa. Coração entretido entre os homens, aqui arremesso minhas vestes e o fulgor de um juramento: Mais negro no negro, estou mais nu. Só sendo traidor sou fiel. Eu sou tu quando sou eu. Na fonte de teus olhos vogo e sonho a pilhagem. Um fio prendeu um fio: separamo-nos enlaçados. Na fonte de teus um enforcado estrangula a corda. [Elogio da Lonjura | Paul Celan / Trad. Gilda Lopes Encarnação + Sede EDP, Aires Mateus & Associados, Lda., 2014] |
Elogio da Lonjura
- | João Amaro Correia / 27.12.14
-
0
comments
- Labels: janelas altas, lisboa, lisboetas, paisagem