estado crítico#2












E é claro para todos que, depois da crise financeira de 2008, a agenda mundial mudou. Esse ano é um marco de uma quebra de paradigma, onde a farra neoliberal, o grande desperdício de capital, se encerrou. Esse desperdício ficou também associado àquela arquitectura mais perdulária e formalista, como a do Frank Gehry, da Zaha Hadid ou do Santiago Calatrava. Depois disso, ficou claro que era preciso voltar a colocar outro tipo de produção. Porque o compromisso social da arquitectura é fundamental. Defendo a aproximação entre a arquitectura e as artes plásticas. Mas não entendo essa proximidade do ponto de vista formalista. Um arquitecto não é um grande artista porque é um criador de formas. A arquitectura depende muito fortemente de uma relação social, de ser um serviço para a sociedade e não uma actividade desgarrada, de figuras iluminadas.


Seria maravilhoso se tivéssemos no Mundial um estádio do Souto de Moura ou do Álvaro Siza | Guilherme Wisnik | Público, 31.03.2014



























O problema com este discurso é que prossegue, ao mesmo tempo e de modo inverso, a saga (épica) da representação do arquitecto (e da arquitectura) como "figura iluminada", que detém o conhecimento, o poder, de prever, no projecto, aquilo que é e será a sociedade. o vício modernista, ainda em vigor, mas agora sem dinheiro e com má-consciência.