Morro do Cantagalo, Copacabana, Rio de Janeiro [...] A favela que iremos buscar não é aquela que rasteja na negra miséria, nem aquela a que falta a rede de esgotos, ou a que é um ninho de cólera ou esquistossomose, nem é a que é dominada pelo narcotráfico ou pelos interesses de uns e de outros. A favela que nos interessa é aquela formada pela história das pessoas que nela vivem, pela estrutura de sua sociedade feita de relações de parentesco, amizade, confiança e origem, pela ancestralidade da presença das comadres e das lideranças, pelo modo como o casario se mistura sem ordem aparente, acompanhando os caminhos antigos que levam à fonte ou à montanha, pela maneira como os quintais se amoldam ao terreno e às necessidades de cada um, às tensões das relações sociais, ao alívio das vizinhanças. A favela que buscamos, por debaixo do lixo, dos esgotos, das crianças doentes, é aquela que precisamente é capaz de sobreviver a tudo isto, e ainda prover formas estruturadas, dentro de seu contexto, de sustentabilidade da vida, de resistência e, acima de tudo, de felicidade pessoal e colectiva. [Breve História das Favelas, Luis Kehl] *Ruy Belo |
o problema da habitação*
- | João Amaro Correia / 29.4.11
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