[Aguarela do colégio de freiras com passadiço em Diamantina, Lúcio Costa, 1924] Adivinhava-se-lhe o desconforto com os ecletismos e o mission style, ainda que polidos por erudição clássica e educação europeia. Ao espírito inquieto, que acreditava num espírito do tempo, que acreditava, sobretudo, na necessidade de uma arquitectura nacional. Porque a arquitectura é também uma questão de fé, essa linguagem nacional, não a queria insuflada de nacionalismos servis, mas antes, e de acordo com um país que se construía de novo e onde havia tudo por construir, uma arquitectura que servisse de esplendor do sonho brasileiro. Uma cidade nova em chão vazio. Em 1922 Lúcio Costa regressa de Diamantina e traz consigo uma hipotética síntese do que poderia ser essa linguagem nacional nova. A arquitectura civil luso-colonial. A versatilidade, adaptabilidade e aptidão tecnológica em qualquer circunstância sócio-histórica e cultural, a inteligência técnica. A simplicidade (sic.) de um arquitectura que considerava despojada dos artifícios do barroco e do ornamentalismo da arquitectura religiosa, que aliava à possibilidade técnológica da construção em concreto armado. E talvez tenha sido esse aporte de Lúcio Costa que levasse Le Corbusier a caracterizar a docilidade e gentileza – chamou os brasileiros de femininos – introduzidos no Palácio Capanema. A leveza que não interessava ao peso e gravidade corbusianas. E isto reconheceu-o ele, ele que dificilmente reconheceria alguma coisa fora de si, a propósito do Capanema – o primeiro edifício histórico totalmente de acordo com os cinco pontos da Carta de Atenas. Por outro lado, a arquitectura portuguesa, vernacular, como influência da via que aprofundou o europeíssimo modernismo International Style. A mesma via que, anos depois, por mão de Távora e da Escola do Porto, fez com que a arquitectura portuguesa tomasse seu, também, o movimento moderno. |
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- | João Amaro Correia / 22.12.10
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