[Vitra, Daniel Libeskind, São Paulo, 2010/...] Uma síntese tecnológica – via sustentabilidade – será sempre um olhar redutor sobre a arquitectura. Para mais em tempo em que essa sustentabilidade se apõe, com grande força, como a grande narrativa, no medo do presente, de redenção no futuro. De certa forma a sustentabilidade é aquilo que Heidegger enunciava como o pensamento que calcula. O pensamento que administra a tecnologia. Um pensamento necessário, mas longe do alcance do pensamento que medita, que Heidegger acreditava em perda pelo homem contemporâneo. Com um paralelismo pedestre posso dizer destes tipos de pensamento como uma diferença entre as engenharias e a arquitectura. Não é reclamada a presença do engenheiro no estaleiro. Há hoje teconologias que permitem essa ausência sem comprometer o rigor da obra. Ao arquitecto pede-se que abandone o projecto, no exacto momento do início da execução da obra, quando o projecto é posto em obra. A presença em obra. A sustentabilidade é a eficácia desse pensamento que calcula. Mas o risco é permanecermos reféns deste pensamento, de certa forma um pensamento da necessidade e não das causas e essências. Como que um recurso alarmista, uma tecnologia do pensamento que calcula, o mesmo pensamento que descobriu as tecnologias que hoje põem em risco a sobrevivência da espécie. A sustentabilidade é essa via da urgência. De certa forma é uma perda. A perda que Heidegger assinalava como a nossa cada vez maior incapacidade de pensar. Ainda que pertinentes, este tipo de críticas, encerram em si o perigo de conduzir a arquitectura ao beco sem saída; um método de cálculo da eficiência ambiental, julgando-a, à arquitectura, não pelo que de conhecimento e humanidade acrescenta à própria humanidade, mas apenas pela eficiência tecnológica. A forma de Libeskind não ajuda nada. E a grande falha nem será a dos recursos que uma obra destas consumirá. Mas mais a irrelevância do paralelepípedo de vidro torcido debaixo do sol dos trópicos. Sem invenção para além da patrocinada por muitos dólares emergentes. Sem qualquer imposição crítica ao mundo que esse paralelepípedo inventa. Apenas a repetição da repetição da repetição da repetição de coisas tantas vezes vistas. Uma distopia das imagens. Um dos valores das sociedades que a elas anseiam aceder como padrão da contemporaneidade. |
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- | João Amaro Correia / 12.12.10
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