[Kazuyo Sejima, Annie Leibovitz, 2009]
Já não interessa o modelo. Essa simplificação hábil da realidade, como uma realidade fragmentada, construída de acordo com o desejo de melhor a ensaiar. Talvez pela insuficiência do modelo cartesiano a partir do qual ainda persistimos em pensar o espaço, limita a invenção do próprio espaço. Uma espacialidade circunscrita à rigidez das coordenadas xyz e facilmente verificadas nos habituais modelos tridimensionais dos arquitectos. Uma rua, um homem que a atravessa, e esse movimento que, necessariamente a produção de uma espacialidade nova: este é o compromisso impossível dos modelos. E sempre a tentação mimética do que manipulamos com a realidade. De facto, o desejo pouca relevância tem na construção do real se não surgir do e no tempo. A estanquidade, a fixação, a cristalização, para além do isolamento das coisas nelas próprias, excluídas do mundo – que é ele próprio a sobreposição, justaposição, divergência, quiasma, convergência, de relações - é antiético da vida e, por consequência, da arquitectura. E é de crer que o quadro mental modernista poderá nem ser o único campo que promove a objectificação. Talvez o marketing capitalista, a reprodução do mundo como uma imensa wallpaper*, terá certamente a sua parte nestas razões.
O tempo então como matéria do instante do projecto. Como um pensamento das possibilidades que o espaço arquitectónico, na relação com o território – social, cultural, topográfico - esse movimento cooperante e co-produtor de novas e renovadas formas do espaço e do próprio habitar. E não recuso a ideia que seja justamente este movimento o lugar da (re)invenção do habitar. Se no habitar existe uma forma qualquer auto-reflexiva, creio ser pela relação contínua e continuada da transacção do indivíduo pelo mundo, do homem livre pelo espaço.