1962


[Le Havre, Aki Kaurismäki, 2011]



E, tal como outros espaços dos seus filmes, recusa-se a dizer "hoje"?


A arquitectura moderna desagrada-me intensamente...
É sempre uma luta contra o tempo quando filmo. Os "caterpillars" estão invariavelmente atrás de mim. Estão sempre a querer demolir a área que estou a filmas. Temos sempre que lhes pagar para nos darem uma semana mais de rodagem antes da demolição total. Tem sido sempre assim na minha vida. Deve ser por alguma coisa de que gosto.
Como filmar em cubos modernos, que é o que se chama hoje arquitectura? E é um erro pedir a arquitectos que façam cubos nos sítios em que há chuva. Deviam fazer um telhado. Deve haver problemas aqui [Fundação de Serralves] com a água. Mas não tive tempo ainda de investigar, isto não parece assim tão mau...
Quando as pessoas têm algum dinheiro fazem as suas casas como cubos, cheias de pormenores, mas acabam por não se enquadrar na área... e não parecem muito funcionais.


[Aki Kaurismäki, Público, 17.02.2012]