[Parque do Flamengo, Burle Marx, 1965] Qualquer coisa de determinista nesta palavra, de utilitarista, de dialéctica que restringe a complexidade do mundo a um punhado de conceitos objectivos, que me inibe de utilizá-la, à palavra produção, para nomear a capacidade humana de intervenção no espaço, sendo esse espaço o território, pela humanização e pela arquitectura, tornado paisagem. O espaço não é redutível à objectificação, não é uma coisa de fabricação e manipulação mais ou menos virtuosa, mas mais uma experiência. Mesmo que Lefebvre a produção do espaço seja a espacialização, é uma espacialização social, insuficiente à complexidade e integridade da experiência do espaço. Não crendo já em paraísos perdidos, o fulgor com que o parque de Burle Marx nos diz que isto é uma cidade, que cidade é que é, que lugar é este no mundo, na orla da Guanabara, é uma coincidência entre um Éden perdido e a construção humana, naturalmente imperfeita. E atravessada por uma auto-estrada. |
a natureza das cidades
- | João Amaro Correia / 18.12.10
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