il n'y a pas de hors-texte?


[Centro Cultural Judaico Midrash, Isay Weinfeld, Rua General Venâncio Flores, Rio de Janeiro, 2009]


A decisiva influência cultural cristã, no Ocidente, resultou na invenção da imagem e na imposição do problema da representação.
Ao contrário da tradição judaica, iconoclasta e sustentada na leitura (infinita) do texto sagrado, a tradição cristã levanta, consequentemente o problema da forma.
Hollywood terá nascido em 787, quando o concílio de Bizâncio permite a veneração dos ícones, provocação de Régis Debray, que assinala este o momento o início da idade da imagem.
A supremacia do visual sobre os outros sentidos, permanente polémica da filosofia contemporânea, encontra na tecnologia da web o ambiente propício à sua propagação intensificação. E a experiência do olhar, que evidentemente contamina o universo da produção arquitectónica, quando não a domina. E esta, se sustentada apenas nesta experiência, poderá apresentar uma aparência sedutora mas sem conteúdo ou significado.
A pele como reveladora da profundidade do ser, esvazia-se, deixa de ser carne, resta como superfície.
De algum modo é essa superficialidade, frívola e inconsequente, que daqui extraio. Poderá ser a celebração da polifonia de interpretações do texto sagrado mas, tão mais paradoxal quanto se trata de um edifício da comunidade judaica que, querendo celebrar o texto sagrado, o esvazia de sentido e de vida quando tornado em imagem. Mais uma. Entre milhões. E, pela informação que é possível recolher no site, sem qualquer relevância no interior do edifício. Sem qualquer vestígio da carne do corpo.