[Desconstrução e Arquitetura - Uma Abordagem a Partir de Jacques Derrida, Dirce Eleonora Nigro Solis, Rio de Janeiro, 2009]
Ainda que se apresente um tentativa de (des)construir uma vaga teoria da arquitectura, ainda que surjam no (ob)escuro palavreado labiríntico certas labaredas críticas, ainda que o domínio seja o do texto filosófico, torna-se inquieta a espera pela manifestação da arquitectura. Paciência. Pelo menos até à página 84 onde é citado Bernard Tschumi.
Depois de dois quartos à roda do quando é que não acontece a desconstrução, um quarto à volta do que é que não é o objecto arquitectónico e o quarto remanescente a tentar perceber onde é que não acontece a arquitectura, continuámos sem perceber onde é que acontece a arquitectura. |
Entende-se o deslumbramento de muitos arquitectos e críticos pela construção teórica e crítica de Derrida e demais filiados na desconstrução – palavra de que o mesmo nega a autoria. Apresentava-se uma eficaz e flexível proposta como saída aos impasses pós-Pruitt Igoe: dentro do âmbito institucional, que, mesmo em 68 Derrida recusaria desmantelar; estofo cultural que abriria a arquitectura a outra lógica que não a racional e estritamente disciplinar; escopo teórico capaz de incluir, dentro do sistema, o que aparentemente o pretenderia criticar. O ovo e a galinha de uma penada, e a arquitectura na vanguarda da produção de imagens de um admirável mundo novo: uma promessa pós-humanista para uma sociedade radicalmente individualista, sem qualquer necessidade de vínculo social, histórico ou cultural que não o da frivolidade auto-referencial.
Agora, é como aceder ao youtube e permanecer em melancolia obscena durante horas a olhar para vídeos dos anos oitenta. |