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No desconhecimento, todas as ruas afiguram-se o limite da cidade. Como construir escolher andar guiado pela cartografia da ignorância ou do medo? Qual a conveniência da memória, dos factos, das recordações?
Sou o homem-bomba voluntário, sem paraíso prometido, para explodir de vez esta soma de vozes, hierarquizada em intervalos (oitavas, quartas, terças), com o único eco, bum, da minha solidão - vocês ouvem seu ruído espantoso? o deslocamento de ar? os carros incendiados, os pedaços de carne humana, o sangue no asfalto, nas paredes? Outra solidão se vingará.
[Homem-bomba in O Mau Vidraceiro, Nuno Ramos, 2010]