numa esquina, em istambul
[Brukner Apartmanı, İhsan Bilgin 1999]
Não existe talvez condição mais nómada que a do amor. Aquela que se exila no trajecto constante entre o desejo e o desejado. E este pode ser um país. Ou uma casa. O amor, então, como a condição transitiva do encontro.
Uma casa encontro, uma casa passagem, se passagem pode constitui lugar. Ou um lugar constituído por efémeros, mas não menos intensos, pedaços de tempo que a memória carregará pelo futuro. Então os objectos que se juntam desses encontros fortuitos guardam-se. E num assomo de inocência, através deles resgata-se o passado fugaz e a perda.
A maior inocência seja a partilha da obsessão do passado remido na tentação desesperada de o fixar em fixos objectos desse tempo memória no presente. Daí em diante, sempre presente. Sempre perdido.
adenda: Istambul, estranha forma de vida
- | João Amaro Correia / 2.3.10
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