[Museu Judaico, Daniel Libeskind]
Verifico o pensável anterior às coisas dito como vazio. E verifico-o nas diversas narrativas da criação, o plano da ausência absoluta, como a única possibilidade de se dizer o que está antes de se ser. Ou antes do ser se pensar em si mesmo. O impensável, logo, o indizível dito vazio. É uma possibilidade que verifico serem essas narrativas originais o pensar do que passa a ter lugar. O instante fatal, criador, fogo ou verbo único e original, que torna as coisas num lugar, necessariamente num tempo, depois de ainda elas não terem lugar nem, naturalmente, tempo. No antes, no absoluto vazio, nenhum lugar, ainda que apenas para situar alguma coisa, poderá, justamente, ter lugar.
Localização é a condição para que as coisas existam; localização é a relação das coisas umas com as outras. A organização do mundo: a topogonia: o instante da evidência. A primeira interrogação: onde? Como acreditar que «instituir um território é equivalente à fundação de um mundo» ex nihilo?
Com consequência, as coisas reconduzem-se e reconduzem-nos à efemeridade. Supomos um momento em que as coisas, tal como as conhecemos, ainda não existiam.
Isto é uma possibilidade para a arquitectura. Se a excluirmos da vontade de dominância que tem o lugar no humano, demasiado humano.