Com Claude Lévi-Strauss [1908.2009] perdemos da noção do espaço como validade universal. O espaço cultural, ‘espaço mapa-anatómico’, desconcertou-nos, no Ocidente, pela queda da ingénua crença de que a nossa especialidade não seria unívoca. Apenas pelo curioso facto de que haveria outras diferentes culturas, logo, outros pensamentos do e sobre o espaço.
Mas antes de ser um pensamento, o espaço antropológico que Lévi-Strauss verifica é o espaço que se submete às estruturas da representação social. E cada uma dessas estruturas – culturas – será única.
Mas, sendo que as coisas não são assim tão simples, os dados etnográficos levantados por Lévi-Strauss remetem-nos para a heterogeneidade das formas de representação do espaço que relevam dos factores definidores dos diferentes grupos, mesmo que de uma mesma cultura. Será então óbvia a directa relação das identidades colectivas e a estrutura do espaço. O espaço é identidade. (Os missionários Salezianos, sábios e práticos, para mais rapidamente converterem os índios começaram por lhes destruir a organização espacial das aldeias. Daqui resultou a destruição do suporte físico e visível que lhes permitia situarem-se dentro da sua própria cultura, logo, à perda da identidade.)
Para a arquitectura importa esta nova legibilidade do espaço: o espaço-cultura, o espaço que nos rodeia, como sendo essencialmente uma construção cultural.
*Claude Lévi-Strauss, 1953
para a Maria José, quem me leu Lévi-Strauss
adenda:
Claude Lévi-Strauss e a estética do social, Paulo Tunhas in I