(Submissão) Schengen Area Revisited

De excepção em excepção, de restrição em restrição, o Espaço Schengen tem vindo a ser revisto ao sabor dos acontecimentos e do medo.

A distopia europeísta em curso, construída a partir da crença na intrínseca bondade humana e orlada numa bonita retórica multicultural para consolo da boa consciência das elites bruxelenses, apagou a Europa do concerto das potências, paralisou-a em contradições internas e alimentou durante décadas no seu coração o ninho da serpente onde prospera o terror.

Mais do que qualquer restrição interna à circulação, urge o diálogo e o envolvimento com os países (e civilizações) que fazem fronteira com a Europa e a afirmação vigorosa da perenidade dos valores europeus. Da Turquia aos poucos Estados que ainda sobram na linha do Mediterrâneo é indispensável implicar a comunidade internacional no drama dos refugiados; a todos, aos que cá estamos e aos que pretendem vir, devem ser claros os valores com que de há milénios se ergue uma Europa que recusa ser refém do terror.

Caso contrário – como a multidão que Kavafis reuniu no fórum, obnubilada consigo própria e ofuscada com o brilho decaído das jóias do seu passado – estamos condenados a lamentar: E agora, que vai ser de nós sem os Bárbaros?/ Essa gente era uma espécie de solução.


Diário Económico | 20.11.2015