Realismo

Feliz ou infeliz, a conjugação “arco da governabilidade” adquire um sentido preciso por uma única e simples razão: os partidos com assento parlamentar à esquerda deste espectro são revolucionários.
E se não sobrassem outras razões do domínio da alucinação programática, esta seria suficiente para erradicar o BE e o PC de qualquer pretensão de poder num regime democrático.

Posto isto, e dando de barato o desnorte das coreografias com que António Costa nos tem presenteado desde o discurso da noite eleitoral (onde teve a ousadia de não pronunciar a palavra derrota), com alguma frieza e recomendáveis doses de realismo, chega-se facilmente à conclusão da necessidade imperiosa de um entendimento duradouro entre a Coligação e o PS. Seja este baseado em acordos de regime ou, num "exercício mais atrevido", sob a forma de uma coligação governamental.

Quanto mais não fosse, seria uma última oportunidade para esperarmos uma consensual e profunda reforma do Estado que nos livrasse de vez do peso insustentável com que o vamos suportando.

Assim pensasse mais António Costa no país e menos na sua sobrevivência política.

Diário Económico | 13.10.2014