À esquerda, impacientes com as derivas direitistas do PS, com o monólito comunista e com a indisponibilidade bloquista em partilhar responsabilidades da governação, os descamisados do BE federados no Livre fazem fé em negociar com o PS uma maioria absoluta. E com isto tornar a governação refém da agenda vanguardista que não mais adie o paraíso socialista. Os infindáveis grupúsculos que reiteram à vez a pureza ideológica da tribo não serão contas deste rosário.
À direita, o albergue espanhol do PSD e o sucesso relativo do CDS-unipessoal atenuam qualquer vontade de dissidência. Mais pragmática, usa o perigo esquerdista como argumento suficiente para captura do voto mais conservador que não se revê no discurso social desta direita moderna. O que vai dando para manter as fileiras em sossego. Sobra um punhado de votos de descontentamento ou ressentimento que encontram abrigo em partidos ‘single-issue', de carácter unipessoal ou de lugar nenhum. Obviamente, não é daqui que vai surgir qualquer solução governativa que altere o nosso viver habitual.
in Diário Económico | 10.08.2015