ruínas





[Paris, Texas, Wim Wenders, 1984]



A modernidade inaugural de Piranesi é tanto na edificação de arquitecturas imaginárias, edificando sobre territórios mentais o que seria impossibilitado de construir – e a representação da ruína como experiência da ausência e da perda em relação à história; e uma imagem é já uma ruína, arrisco – como na produção e comércio dessas imagens. Como consequência imediata sobre o agora consumidor-espectador a alteração do imaginário e das maneiras da percepção do real.
Reduzidos ao hoje Photoshop, incautos arquitectos redizemos incessantemente o realismo como mantra das imagens sobre as quais trabalhamos.
A realidade deixou de ser o território operativo e especulativo do arquitecto – com o fim na transformação dessa realidade – mas antes a abdicação a forças poderosas, activas e, eventualmente, dissimuladas, que desconhecemos ou preferimos esquecer. Onde antes a arquitectura era emancipação, é hoje resignação.
E uma imagem é já uma ruína, arrisco.