somos condenados a ser modernos?


[Praça de Espanha, Roma]


Vincent Scully abre a sua história do movimento moderno com a Praça de Espanha, em Roma. O último instante histórico em que verifica ausência de qualquer elemento moderno.
Uma epopeia de optimismo e crença na razão e democracia que se desmorona na adenda de 1974, que termina com a Casa de Nantucket, de Robert Venturi.
Sendo uma incursão por uma arquitectura da democracia, da emancipação do indivíduo, do precário balanço entre a continuidade - do desejo do indivíduo pelo espaço contínuo - e a fragmentação, que desordena essa continuidade - e no imprevisto que esse desejo do sujeito, atomizado, suscita. O que no barroco era uma liberdade ilusória e fabricada pela arquitectura, com apoteose no lugar do poder, na solidão da casa de Venturi encerra-se, de certa forma, naquilo a que estamos condenados, depois de todos os ismos: somos ainda modernos. Somos, cada vez mais, sozinhos.

Não por acaso, de Nantucket larga Ahab, com ira, à caça da baleia branca.




[Nantucket House, Robert Venturi, 1972]


para O Ouriquense.