O PÃO NOSSO DE CADA DIA

 


1.
Gritos antigos
que ainda flutuam como algas de som entre as coisas
enredam-se nas costas aéreas do meu pensamento.
Os séculos desfazem-se então como grãos de esquecimento
e eu sou de novo o primeiro homem
a laborar o seu lugar entre a espuma,
tentando ficar de pé entre as lanças amargas
com que se tece o vulto da noite.
Basta que um fio de cabelo toque o fundo.


Segunda Poesia Vertical | Poesia Vertical / Roberto Juarroz, trad. jac