Verão de 1939

Le Corbusier pintando um fresco na  Villa E-1027  de Eileen Gray, Verão de 1939


Provavelmente nem será uma questão de ideologia. Pragmatismo, talvez. Oportunismo, certamente.
Mais que tudo, talvez até mais que arquitecto, Le Corbusier é um publicista. O maior da história da arquitectura. E realizou com tanta pertinência e eficácia o métier que os pressupostos da sua arquitectura se tornaram hegemónicos e, como não dizer, totalitários.
E não nos preocupemos, a linha de sucessão foi excelentemente ocupada.

Parecerão, contudo, inquietantes estas eventuais patéticas tentativas de desvendar em pormenor o homem por de trás da obra. Repare-se: o seu pensamento, totalitário, é evidentemente, tirânico; consequentemente a obra é megalómana e, ela própria, tirânica. Mas ainda assim capaz da beleza perene e do milagre do belo que consola.
É bem provável que em todos os desertos do mundo nasçam flores. E "perdoa-se tanta coisa em nome da beleza". Quanto ao mais, deixe-se os mortos aos mortos, os fantasmas aos fantasmas, que o belo é para todos.