egolatria

Ia dizer que a perda da arquitectura, dos arquitectos, reside numa pobre visão cultural do mundo. Mas talvez não seja exactamente assim.
Provavelmente a arquitectura, os arquitectos, têm-na. E corresponde rigorosamente à estação da História que atravessamos. Ao tempo em que a categoria do Belo é preterida pelo grotesco, pela megalomania, pela avidez, pela ganância, pela estupidez, pelo ridículo, pelo narcisismo radical e egomaníaco, pelo exaurir de recursos humanos, materiais e naturais, pelo irrisório. Pela indiferença. Pelo supérfluo. Pelo nihilismo.
Não errarei se pensar que categoria central do pensamento arquitectónico contemporâneo é a abjecção. No que não diferirá do das artes plásticas.


Por exemplo,
Cancer Centre | David Adjaye / Ruanda



Estádio Olímpico de Tóquio | Zaha Hadid / Japão



Centro de Artes - Fundação EDP | Amanda Levete / Lisboa



Triangle - Mairie de Paris | Herzog & de Meuron / Paris


coincidentemente, (ou não), quase sempre inciciativas de instituições do estado ou de poderosíssimas multinacionais que escapam ao escrutínio das comunidades onde pretendem intervir. As mais das vezes, os mesmos arquitectos que quando não estão a exaltar o seu ego se ocupam em leccionar sobre o progresso moral das nossas sociedades e o papel que nelas tem o poder transformador da arquitectura.
Enfim, é nosso o tempo da indigência cultural.