o ninho da serpente é entre nós


Submissão | Michel Houellebecq / 2015

A cultura da morte, conceito forjado pelo Papa Ratzinger para compreendermos o tempo que o Ocidente descristianizado atravessa, é, em Submissão, o dispositivo operativo usado por Houellebeq para percorrer o entorpecimento social e moral.
A França da república impante é o pasto para a hipótese de um islamismo (aparentemente) light no Eliseu. A neurose, a depressão, a anestesia pequeno-burguesa, são o território por onde desliza o invasor interno de uma cultura que não admite a sua própria degenerescência.
Pancada seca e impiedosa nos vates do multiculturalismo, nos profetas gender studies, nos respigadores de um humanismo mórbido que exala dos salões politicamente-correctos desta Europa moribunda. Um murro no estômago da inerme social-democracia europeia tão sordidamente ciente do ‘outro’ na mesma medida em que se recalca a si mesma.