paisagens in extremis#2


[Anachrony, Nermine Hammam, 2010]


A paisagem, coreografada, fotografada, como maneira de explicação da realidade do exílio. O problema que se põe não é o da representação – ainda que a paisagem seja a evidência das representações – mas mais o do resgate do eu pelo exacto lugar onde somos






[Koyaanisqatsi: Life Out of Balance, Godfrey Reggio, 1982]


E é esta a exacta questão que se lenvanta quando reconhecemos a capacidade avassaladora da destruição total de todas as paisagens que nos são possíveis. Esta competência letal assombra – e maravilha – pelos múltiplos territórios a que todos os dias vamos chegando.  Se a natureza é uma invenção da cultura, intervir no território é, obviamente, o empreendimento de reflectir a possibilidade de destruição, manutenção, transformação das representações – e memória(s) – e de nós mesmos. Como comunidade e como indivíduos.
Chamar-se pós-História à capacidade de aniquilamento da História é ironia académica. Resta-nos o consolo do Universo incomensuravelmente mais vasto e minucioso. E esta alegria não é ironia.






[Roden Crater, James Turrell]


Escavar montanhas, reabrir crateras: faz-se tanto por um raio de luz.