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Jardim de Alá, Rio de Janeiro

Atender à toponímia é achar uma síntese de um lugar. História, Geografia, crenças, mitos, uma realidade mais ou menos opaca, lenta, de acordo com a linguagem, usos e desusos, de uma comunidade. Como arqueologia, desocultar significados em ruas e travessas e passos que muitos outros antes gastaram.
Eventualmente a História, dos testemunhos escritos, não bastará. Nem a Geografia –recorrente prefixo dos caminhos - dos acidentes naturais e humanos. Ainda menos a Filologia e a interpretação objectiva dos étimos. Talvez isso tudo isso e o entendimento do nome de uma rua ou praça como transmissão do valores inerentes a uma comunidade. Uma memória, claro.
Ao atravessar de Ipanema ao Leblon, passar pelo Jardim de Alá, sobre o canal, um europeu treinado em pedras antigas e muitas já gastas e sem significado reconhecível, pensará em exílios e comunidades expatriadas, libaneses e sírios vindos para o Novo Mundo em fuga ou em demanda, e a demarcação simbólica e identitária das diferenças e das crenças.
Mas talvez a História seja matéria mais prosaica.
Saber que o Jardim de Alá é a memória de uma outra deusa - de carne -, Marlene Dietrich que, no deserto berbere, recolhia segredos do amante, depois dos espanto inicial, é o reconhecimento de uma outra liberdade. Da que se constrói onde antes, há pouco mais de oitenta anos, não existia o elemento humano (urbano).
Uma maneira da liberdade, a deste nomear, que ainda custa a entender.